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Mensagem por Levy Dom maio 31, 2015 1:12 am

Desde o início do mundo o homem vem evoluindo e alterando a paisagem do planeta, seja emitindo gases, desviando rios, pavimentando caminhos, acabando com a biodiversidade, extinguindo espécies, alterando o modo como os animais vivem, etc mas o que aconteceria se, de uma hora para a outra, desaparecêssemos?
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Hoje somos mais de 7 bilhões de habitantes, dominamos o planeta, agricultamos mais de 1 erço das terras secas para gerar alimentos para todos, represamos e desviamos mais da metade dos maiores rios do mundo, estamos perto do 1 bilhão de veículos rodando mundo afora, alteramos o ar, o mar e a terra. Enfim, nossos vestígios podem ser encontrados no há quilômetros de distância abaixo da superfície ou até mesmo no espaço sideral, inclusive na lua. Mas para entender qual o impacto que causamos no mundo vamos fazer um breve exercício mental:
Imagine se a partir do próximo minuto, sumíssemos, eu, você, enfim, todos nós, toda a raça humana. Sobraram apenas os animais, construções carros, engenhosidades criadas por nossa espécie, etc. O que aconteceria? Poderia o planeta Terra que ficou apagar nossos rastros e sobreviver sem nossa ajuda? Acompanhe:
Carros batendo, aviões caindo, panelas no fogo, assim começaria o mundo sem nós, com nossas últimas ações presentes. Mas logo as coisas começariam a mudar. Abordaremos tais mudanças cronologicamente:
Instantaneamente
As cidades ficam mais frias, já que o corpo humano emite mais calor do que uma antiga lâmpada incandescente. Imagine uma cidade como São Paulo e seus quase 12 milhões de habitantes sendo removidos instantaneamente. A cidade esfriaria uma fração de grau centígrado. Além disso, a cidade ficaria muito mais silenciosa a partir do nosso desaparecimento.
Já as máquinas que deixamos em atividade parariam gradualmente, assim como veremos no decorrer do texto.
60 segundos
Após 1 minuto, centenas de aviões que se aproximavam de um pouso – a cerca de 160 km/h – começarão a despencar. Um desastre após o outro. E aqueles em piloto automático terão o mesmo fim tão logo o combustível acabar e a gravidade fizer o seu serviço.
10 minutos ~ 1 hora e meia
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A quase totalidade do mundo entraria em apagão. Dentre as mais de 55 mil usinas geradoras de energia, as primeiras fontes de eletricidade a pararem seriam as usinas de carvão que precisam de alimentação contínua e rotineira, as seguintes seriam as hidrelétricas, que sem controle humano teriam o sistema desregulado e as turbinas inundadas. Os parques eólicos continuariam a girar as hélices, mas o sistema estaria inoperante sem ninguém operando os computadores.
As últimas a serem afetadas seriam as usinas nucleares, perto de 90 minutos após nosso desaparecimento. Seus sistemas perceberiam as falhas na operação e desligariam os reatores como um modo de emergência, assim como as hidrelétricas fariam no momento em que fosse detectado a inundação das turbinas.

6 horas
A última usina hidrelétrica encerraria suas atividades para sempre e o mundo voltaria à Era das Trevas, período que havia sido deixado para trás há cerca de 200 anos. Alguns carros ainda permanecem ligados, liberando dióxido de carbono desde que desaparecemos, e não foi pouco, cada litro de combustível gera cerca de 2,5kg de poluição na atmosfera.
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Paralelamente a isso, em todos os cantos do planeta as indústrias começam a ser afetadas seriamente. Alguns gases precisam de eletricidade para serem resfriados e mantidos em forma líquida (caso do hidrogênio e do gás natural). Sem esse suprimento elétrico, começam a superaquecer e entrar em ebulição, gerando uma pressão difícil de ser controlada. Os tanques que armazenam esses gases possuem válvulas de segurança que liberam o gás em situações como essas para evitar explosões, muitas vezes intoxicando e matando aqueles animais que, por serem menores, têm o nariz muito próximo ao chão.
Além disso, materiais químicos que deveriam ser muito bem guardados, começam a vazar livremente pela atmosfera. Torres começariam automaticamente a queimar gás, soltando fogo pelas chaminés (como vemos nas cenas da Guerra do Golfo e os poços de petróleo), espalhando nuvens mortais de gases tóxicos por aí.
Mas não pense que esses sistemas de segurança dariam conta do recado, pois em questão de pouco tempo, explosões começariam a ocorrer com frequência nesses tanques e indústrias ou então ao simples fato do gás expelido entrar em contato com uma faísca de um motor de combustão de um carro que ainda esteja em funcionamento. Essas explosões alongar-se-iam por dias.
Nas nossas casas, parques, zoológicos, etc. um outro problema surge: Os animais começam a passar fome por não ter seu pratinho de ração preenchido por seu humano de estimação. Predadores começam a vagar por aí procurando presas como antigamente, é a lei da sobrevivência reativando lentamente instintos adormecidos desde a domesticação.
3 dias
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Nesse ponto a maioria das máquinas operadas em nosso mundo já teriam parado por falta de manutenção, assim como a toxicidade do ar alcançaria níveis enormes. Em Londres, até o famoso relógio do Big Bem pararia de badalar, já que ele precisa de corda manual a cada 3 dias.
Embora o tempo humano tenha parado, a vida ainda continuava intensa, inclusive dentro de nossas casas. Nelas os animais de estimação ficavam cada vez mais desesperados por comida, contando 3 dias desde a última vez que foram alimentados. Se quiserem sobreviver precisam fugir a achar comida.
4 dias
Agora estamos em um momento em que os animais domésticos que conseguiram escapar de suas correntes ou das casas em que ficaram trancados estão revirando cada entulho através de comida. Para sua “sorte” a falta de eletricidade parou as bombas do sistema de esgoto e agora nossos últimos restos e dejetos se acumulam e transbordam, sendo o que os animais de pequeno porte como cães de raças pequenas irão comer.
Os cães maiores terão mais sucesso em encontrar comida, pois, assim como os lobos, eles comem os de sua própria espécie. Agora eles já formam matilhas – assim como faziam na época em que eram lobos – e começam a caçar os menores, que serão exterminados nas próximas semanas. E se você acha que isso é exagero, um detalhe: Isso ocorreu em 2005 após o furacão Katrina devastar a cidade de New Orleans, na Flórida. Sem ter como carrega-los, muitos habitantes tiveram que deixar seus animais à própria sorte, fazendo que seus instintos animais ressurgissem.
Para animais maiores e do campo não será diferente. O mundo conta com mais de 1.5 bilhão de cabeças de gado, e mais, somente nos Estados Unidos, a partir do momento em que desaparecermos, mais de 100 mil cabeças deixaram de ser abatidas por dia. Cada animal desses precisa de cerca de 40 ~ 50 kilos de alimentos e quase 100 litros de água por dia. Sem eletricidade significa sem água, e sem água significa que eles morrerão em questão de dias caso não consigam fugir dos criadouros.

Situação similar está ocorrendo nos zoológicos, onde a minoria dos animais morrerá de fome e de sede. Animais maiores, no entanto, como elefantes, sem a proteção das cercas elétricas, conseguirão escapar, deixando o cativeiro para trás, saindo numa busca desesperada por alimento (eles precisam de cerca de 180kg por dia) e algo para beber. Nem precisa dizer que será difícil encontrar essa quantidade de comida na cidade.
Predadores começariam a surgir em todo canto, felinos como tigres e leões, que escaparam do zoológico, tentam caçar na cidade, muitas vezes sem sucesso, já que foram “treinados” pela natureza para caçar na savana e não no concreto e asfalto. Um dos animais que se dariam bem nesse novo mundo seriam os camelos, já que, se alimentam de praticamente qualquer vegetação.
7 dias
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Nas usinas nucleares a fissão dos átomos continuava sem parar, desde que desaparecemos, liberando calor e radiação. Em “piscinas” de 10 metros de profundidade ficam submersos diversos tanques de armazenamento, cada um, com capacidade para 400 toneladas de combustível radioativo. Eles ficam lá justamente para manterem-se resfriados (processo que demora anos), coisa que desde o término do suprimento de energia tinha sido garantido por sistemas emergenciais movidos a óleo diesel. Porém, após 1 semana, esse diesel finalmente acaba, gerando superaquecimento do material radioativo.
Em alguns dias a água desse tanque irá começar a ferver, piorando a situação até culminar na liberação de radiação equivalente a mais de 500 bombas de Hiroshima.
10 dias
Cães domésticos já saíram das cidades e agora estão no interior buscando por comida. Lá eles encontrarão milhares de cadáveres de vacas, gado, cavalos, ovelhas, etc. As mais afetadas foram, sem dúvidas, as vacas leiteiras. Isso ocorreu pois nós, humanidade, já as domesticamos e as ordenhamos há mais de 8 mil anos, tempo suficiente para tirar delas toda a sua agressividade e instinto de sobrevivência.
Mas não foram somente as vaquinhas que tiveram um triste fim. As galinhas, presas, em grandes aglomerados, sem chance de escapar, morreram aos montes. Somente nos EUA havia quase 2 bilhões de aves de corte no momento em que desaparecemos. Apenas as aves soltas sobreviveram – e com muita sorte!
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Lembra que há pouco falamos das usinas nucleares? Que a água começaria a ferver em alguns dias? Pois isso ocorreu, e agora, vapores tóxicos vazam livremente dos tambores de proteção superaquecidos. Fora isso, o aquecimento é tão grande que tudo começa a pegar fogo: canos, fios, máquina, até os próprios tambores e o ferro e alvenaria da construção. Dentro de um prédio deste há, neste ponto, radioatividade equivalente a 250 bombas atômicas, prontas para serem expelidas.
Assim que inevitável explosão nuclear ocorrer, elementos como o Estrôncio 90 irá levar perigo para quem entrar em contato com ele pelos próximos 300 anos; o plutônio permanecerá radioativo por cerca de 240 mil anos. Perto da Usina, a vegetação morre quase que instantaneamente, e para piorar, a radiação “gruda” na resina e casca da área; a clorofila (que faz as folhas serem verdes) será atingida, fazendo com que a vegetação próxima torne-se vermelha. A última vez que isso ocorreu foi em 1986, no acidente de Chernobyl. Na ocasião a radiação contaminou uma área de mais de 129 mil km², quase o tamanho da Inglaterra, ou ainda, a área dos estados do Distrito Federal, Sergipe, Alagoas, Rio de Janeiro e um pedaço do Espírito Santo, somados.

Gráfico do crescimento de câncer na tireoide, em Belarus. A linha vermelha representa jovens até 14 anos, azul de 15 a 18 e amarela 14 a 34 anos.
A cidade do Rio de Janeiro ficaria encoberta por uma fumaça radioativa que levaria tempos para se dissolver e espalhar após as usinas de Angra I e Angra II entrarem em colapso. E mais, levada pelo vento irá infectar milhares de quilômetros ao seu entorno. Se estivéssemos aqui no momento dos desastres nucleares, milhares de pessoas desenvolveriam câncer.
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Com esta onda de radiação afetando a pastagem, teríamos migrações em massa de grandes animais. E os grandes prejudicados seriam os pequenos animais. A radiação tem um efeito mais acentuado neles. Um cervo, por exemplo, que se alimente de plantas contaminadas irá alojar radiação sem eu estômago, porém, como a radiação consegue penetrar apenas 1,27 cm no tecido vivo, não terá seu coração ou fígado atingidos. Já nos de menor porte, aqueles que vivem entre as folhas e pastagens carregadas de radiação morreriam aos montes ao terem seus órgãos totalmente destruídos por ela. Nas áreas mais atingidas, a metade dos insetos e roedores morreriam.
A cena se repetiria por vários locais do mundo, já que, somente aqui temos 2, o Canadá tem mais de 10, os EUA, perto de 80, a Europa quase duas centenas, além da China, Japão, Rússia, etc. Boa parte delas até 20 vezes mais potente que a de Chernobyl.
Sorte diferente terão os pequenos animais das cidades. Com comida aos montes em mercados, depósitos, casas, etc. os camundongos poderiam ter comida por gerações, e olha que a prole seria grande. Uma fêmea de camundongo consegue gerar cerca de 70 filhotes por ano, que (assumindo que metade tenha nascido fêmea) gerariam outros 2.450 no seguinte, e depois 85.750 no próximo, e assim sucessivamente. Quem se daria bem seriam os gatos, que precisam apenas de 8 camundongos por dia para manter a saúde. Os felinos não são como os humanos que precisam de diversas fontes de alimentos para gerar tudo que necessitam, como gordura, proteína e vitaminas; os gatinhos produzem sua própria vitamina C, e o restante eles conseguem comendo o cérebro e as vísceras dos camundongos.

E não são somente os roedores que começaram a invadir nossas residências assim que sumirmos. Com a radiação tomando conta do mundo lá fora, cada vez mais deles terão de encontrar sustento naquilo que deixamos para trás.
3 meses
Após 3 meses de nosso desaparecimento o mundo é um lugar cada vez melhor: O ar já está livre de radiação, as cidades estão mais silenciosas, o clima está ficando mais agradável, haverá menos precipitações sobre as cidades (já que as nuvens utilizam nosso pó artificial gerado pela poluição e o transforma em chuva). Além disso, o ar também está mais limpo, em grandes centros urbanos, como a capital paulista, o alcance visual aumentou de 30 para incríveis 160 quilômetros. Nesse momento até os pássaros estão em uma melhor situação. Duvida?
Imagine um fluxo migratório que ao ir para o sul, cruzava o espaço aéreo de São Paulo. Neste ambiente, repleto de edifícios e arranha-céus, todos espelhados, centenas de milhares morriam ao chocar-se com as construções que tanto os enganava. Somente nos EUA, mais de 100 milhões de pássaros morria anualmente por causa disto. O mesmo aconteceria se eles voassem a noite, já que os pássaros usam as estrelas para se orientarem, e nossos prédios, tão cheios de iluminação, confundia-os, fazendo voar em círculos por horas, até morrerem de exaustão. Mas agora, voando com mais segurança, milhões de pássaros a mais chegarão aos seus ninhos na época certa.
Porém, nem todos os animais estão tendo uma vida agradável como os pássaros, que podem voar e fugir do frio. The winter is coming.
6 meses
Chegamos em um ponto em que os animais domésticos e de zoológico ou estão mortos ou estão adaptados ao novo mundo. E se eles achavam que a adaptação seria o pior de seus problemas, o pior estaria por vir, ao menos para aqueles que estão em áreas de invernos rigorosos.
O elefante, por exemplo, mesmo que agora desfilasse livremente pelas regiões atípicas e, portanto, sem predadores naturais, como a América do Norte e Europa, não sobreviveria muito tempo em um inverno com neve e frios intensos. A evolução das espécies fez seu trabalho cuidadosamente e com sabedoria, preparando o elefante para os calores escaldantes das regiões africanas, mas não para o frio congelante do hemisfério norte. Seu corpo desenvolveu-se para livrar-se do calor e não para mantê-lo. Suas orelhas finas, por exemplo, ajudam-no a se refrescar, útil no calor de 45°, mas agora, elas estão congelando. Para sobreviver, somente fazendo como os pássaros e indo para o sul. Porém os pássaros voam, e a falta de comida nesse intervalo nãos prejudica, já o elefante tem de ir caminhando a passos lentos, com uma fome que só aumenta à medida que passa por outra e outra árvore sem uma folhinha sequer. Você acha que ele vai sobreviver?? =(

Até as próprias baratas que sempre acreditamos viver para sempre e em qualquer situação, mesmo em um acidente nuclear, só se espalharam e dominaram o mundo depois que as regiões frias do planeta passaram a receber aquecimento artificial. Sem eletricidade e calefação, milhares delas morreriam rapidamente.
Mas o que para uns é uma dificuldade, para outros é uma oportunidade. Guaxinins e esquilos sabem como sobreviver ao frio. E como eles fazem isso? Dormindo! E agora, neste inverno eles têm milhares de tocas novas e quentinhas para escolher: armários, cobertas, garagens, carros, estofados, etc. Ainda mais que nossas casas são mais seguras e secas do que lá fora. Esquilos, como moram em árvores irão para o segundo andar das casas; já os gambás ficarão n andar inferior.
10 meses
Continuando na parte superior do globo, ao chegar a primavera o mundo veria a estação como há tempos não se via. Nas florestas destruídas pela radiação não terá vida esse ano, nada de brotos e galhos novos na estação, na verdade, nunca mais.
Mas longe dos desastres nucleares a natureza faz sua parte e começa a limpar o mundo. A chuva lava a casca e as folhas das árvores, carregando a radiação que tinha vindo com o vento para o subsolo. Os animais estão livres de uma grande ameaça. Aliás, sem carros, sem caça, sem queimadas constantes nas matas, enfim, sem humanos, explosão populacional ocorre e os animais começam a ocupar os espaços até então vazios.
11 meses
Já faz quase 1 ano que desaparecemos, mas antes de continuar, vamos imaginar algo: No nosso último ano por aqui, nossa frota mundial de veículos emitiu cerca de 7.5 bilhões de toneladas de CO2, ou seja, mais de 1 tonelada por pessoa, sendo responsável por mais da metade do aquecimento global. Se aumentarmos o escopo para abarcar fábricas e qualquer tipo de emissão de gás carbônico, as cifras alcançarão 13,5 bilhões de toneladas anuais.
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Mas agora, o dióxido de carbono pode enfim ser eliminado mais rápido do que nunca. E a primavera dará conta do recado. Através dela novas plantas e folhas irão nascer e crescer, e para isso irão precisar de carbono, afinal toda matéria viva é feita desse elemento químico, certo? Ao retirá-lo do ar para operar o milagre da vida, cada hectare de árvore remove a quantidade de carbono correspondente ao que cinco carros produziam em um ano.
E não é só isso, mudamos a paisagem do mundo como um todo. Só no centro de cidades como São Paulo, são cobertos por ruas e estacionamentos. Nos EUA gramados e campos de golfe cobriam uma área maior que o estado da Flórida no momento em que esvaecemos. Mas agora é a hora da natureza dar o troco: milhões de quilômetros de estradas e rodovias estão, aos poucos, sendo retomadas. Os principais conquistadores são os musgos e os líquens que podem crescer e se desenvolver em qualquer fenda, precisando somente de água para viver.
• Após 5 anos de musgos, teríamos um ambiente propício para a volta da grama.
• 10 anos seriam suficientes para um ex-campo de futebol ser agora um pedaço selvagem de mata.
• Em 15 anos raízes estariam totalmente integradas a locais antes totalmente urbanos como casas e parques de recreação.
Assim, consecutivamente nossas pegadas por aqui seriam extintas, porém, não foi só por aqui que causamos intervenção: Intervimos também fora do planeta, e em breve essa conta teria de ser paga também.
30 anos
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Animais, provavelmente, ficariam sem entender nada do que estariam vendo: Uma contínua chuva de luzes rasgando o horizonte. No entanto não é nenhum fenômeno astronômico que eles estariam presenciando, e sim, as milhares de quedas de matérias enviados pelo homem que, enfim, retornavam ao seu lar de origem. Deixamos ao todo mais de 25 mil objetos espaço afora, perambulando por lá até o momento de seu retorno triunfal. A maioria é de pequenos e insignificantes objetos, como chaves de fenda, braçadeiras, etc. porém, um dia, até mesmo a Espação Internacional entrará em órbita novamente, já que, agora não há mais ninguém que a mantenha segura lá em cima.
Aqui na Terra as casas desmancham-se lentamente, sejam sendo esfareladas pelos roedores, seja pela ação da natureza, que através das correntes de vento leva poeira e sementes para dentro delas, fazendo nascer os verdadeiros jardins caseiros (embora esteja mais para floresta doméstica).
E enquanto as casas desabam em terra, no mínimo 50 mil navios são atirados na costa ou enferrujam no fundo do mar, formando o local ideal para o surgimento de colônias de peixes e toda sorte de vida marinha.
É, parece que o mundo que levamos 10 mil anos para moldar à nossa maneira, está sendo destruído em poucas décadas. Nas ruas, vidros caem do alto dos prédios e estilhaçam-se aos montes. Não é para menos, afinal, apenas 1 arranha-céu, ápice de criação e desenvolvimento da nossa era, possui mais vidro do que toda a quantidade que fora fabricada durante os mais 500 anos do império romano.
30 ~ 100 anos
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Como foi inventado o plástico?
Não há material que resista à ação do tempo e da natureza. A tinta começa a cair e o metal é exposto, a ferrugem toma conta das construções e de tudo que é metálico. O concreto começa a erodir, em parte por estalactites de até 1 cm que se formam durante 1 ano até caírem e enfraquecer o material, em parte por causa do gás carbônico produzido por nós que se mistura ao ar, à chuva e cai, enfraquecendo sua composição molecular. Somente o plástico resistiria às intempéries, já que, possui moléculas grandes demais para serem comidas por micróbios ou bactérias. Sua única ameaça seriam os raios que eventualmente causariam incêndios. Já o gesso levaria um pouco mais de tempo para sentir a força da natureza: cerca de 60 anos.
Nem mesmo as estruturas estariam seguras. Imagine Paris, uma cidade que recebe até 63 cm de chuva por ano. Essa chuva, repleta de gás carbônico entra nas fissuras das construções, onde o CO2 irá serpentear a estrutura até passar pelo concreto e chegar às vigas de metal que por décadas deram sustentação às construções. Esse processo corrói o metal que tem sua área expandida em 10 vezes, causando as famosas rachaduras nas paredes e indicando que alguma coisa ali está com problema. Para piorar, nos locais de inverno forte, o congelamento e descongelamento causado pelo inverno só acentua esse processo. Assim, as rachaduras e as falhas na construção se espalham rapidamente, atacando o prédio de dentro para fora, e agora, não tem ninguém para consertar.
Em cerca de 100 anos os prédios já não terão mais força para sustentar o seu peso, fazendo um efeito dominó, onde um andar cai sobre o outro, que até então mal aguentava seu próprio peso, quem dirá o seu peso e o de mais outro. Em pouco tempo prédios de dezenas de andares virá abaixo.
120 anos
Enquanto existíamos e pavimentávamos tudo, nossas cidades eram até 10° mais quentes do que uma área rural. Isso se devia ao fato de os asfaltos absorverem e manterem cerca de 95% do calor do sol. Agora que o asfalto já está totalmente destruído e tomado por vegetação, o aquecimento global finalmente acabou. Graças aos oceanos, sim, eles mesmo.
No último século, as ondas do mar carregavam dióxido de carbono para as camadas mais profundas do oceano. Lá, o plâncton e os crustáceos absorviam esse CO2 até o momento de sua morte, quando desciam até o fundo do oceano, levando-o com eles. E finalmente, após 120 anos o processo está finalmente sendo concluído e o mundo respira aliviado.
Essas mudanças podem ser vistas pelo mundo todo. Em Berlim, na Alemanha, por exemplo, manadas de cervos dominam o local, onde uma vegetação rasteira fornece o ambiente ideal para sua proliferação.

Portão de Brandemburgo tomado pela vegetação.
140 anos
Vindos da Polônia, matilhas de lobos retornam à Alemanha, atrás dos cervos, de onde foram exterminados, séculos atrás. A selva de pedra tornou-se uma verdadeira selva, sendo o local onde agora acontecem caçadas e emboscadas de predadores às suas presas.
150 anos
Sem cidades como as conhecemos, sem telhados ou asfaltos, as cidades estão mais frias e o inverno passa a ser mais rigoroso do que nos dias atuais. Também cai mais neve, e ela se acumula em maior quantidade e por mais tempo até derreter. Animais como o lobo manter-se-ão aquecidos caçando constantemente.
Aos poucos, ambientes que mudamos para nos servir melhor, seriam reconquistados. Por exemplo: cerca de 2 terços dos grandes rios do mundo foram represados ou desviados para nos dar energia, transporte, alimentos, etc. Mas em um mundo que não mais habitamos, é natural que esses “ajustes” sejam desfeitos.
Em Londres o rio Tâmisa retorna às origens, a mesma forma que os romanos encontraram a milhares de anos, fazendo com que a capital da Inglaterra volte ao seu aspecto original: Um grande pântano.

Do outro lado do Atlântico, nos Eua, o Imperial Valley, no sul da Califórnia, volta a ser um enorme deserto, não parecendo, nem de longe, com a área criada artificialmente pelas mãos humanas, que garantiam 4 colheitas das mais variadas frutas no inverno. Com 350 dias de sol no ano, a região que provia o país com mais da metade de suas frutas e verduras agora, sem a irrigação artificial não faz florescer uma cultura sequer. Á agua vinha do Rio Colorado, o maior da América do Norte. Eram quase 4 trilhões de litros de água lançados sobre a região anualmente (o suficiente para cobrir as plantações da região com 2 metros de água).
Destino semelhante teve Las Vegas, a capital da diversão, encravada no deserto e que só for apossível por causa da irrigação através de bombas elétricas. Os prédios ainda estão lá, pois o clima seco mantém as construções intactas, porém, a cidade que era conhecida por suas luzes virou agora o que sempre fora, uma região árida onde nenhuma luzinha sequer brilha.

200 anos
Neste ponto as cidades já estão praticamente todas retomadas pela natureza, mas lembranças nossas ainda podem ser encontradas. Algumas delas são as gigantes represas que fizemos. Toneladas e mais toneladas de concreto afundados em cursos de rios. Nos Estados Unidos, o Rio Colorado que fora tão forte a ponto de esculpir o Grand Canyon, em nossa era fora represado dezenas de vezes, cerceado de apenas seguir o seu curso, chegando como um simples riacho, fininho, no ponto de encontro com o oceano, no México.

A Dobra da Ferradura, parte do Grand Canyon esculpido pelo Rio Colorado.
A maior de suas represas, a represa Hoover tem a altura de um prédio de 70 metros, sua base tem a largura d e 2 campos de futebol, o concreto usado nela seria suficiente para pavimentar uma estrada de mais de 4.600 quilômetros, o suficiente para ir de Porto Alegre a Manaus (e ainda sobrar um pouquinho). Com essa quantidade de concreto você deve estar pensando que ela resistiria por milênios, certo? E na verdade até resistiria, caso não fosse um detalhe.
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Lembra que dissemos há alguns parágrafos que estava nevando mais a cada inverno? Pois bem, quanto mais neve, mais água será gerada no momento da deglaciação. Essa água escorrerá para os rios de costume, como o próprio Rio Colorado, que como dissemos, possui dezenas de represas. Todas elas com sistema de emergência que visam a evitar as cheias repentinas. Porém, a quantidade de água proveniente do derretimento do gelo irá ser demais para o sistema da represa Glen Canyon, que tomado pela ferrugem já não suporta tanta capacidade.
Com falha no sistema de emergência, a água invadirá a represa, criando bolhas de baixa pressão na água, essas bolhas geram uma agitação e pressão na água, fazendo com que pequenas explosões comecem a surgir de dentro para fora da represa. O concreto, abalado por 200 anos de erosão, desgaste e falta de manutenção, não suporta a carga, abrindo vários buracos em sua estrutura e deixando a água fluir livre novamente. Agora, 17 bilhões de metros cúbicos de água estão descendo o Rio Colorado em direção à Represa Hoover, suficientes para gerarem uma alta no nível da água de 16 metros de altura.
A represa Hoover foi projetada para suportar até 219 mil quilos por metro quadrado, bastante, mas não o suficiente para esse cenário imprevisível. A água passa por cima da construção e segue rumo abaixo a 40km/h, varrendo tudo o que encontrar pelo caminho, incluindo dezenas de represas menores, que juntam mais água à corrente, em um efeito cascata. Em 18 horas esse fenômeno alcançara o Golfo da Califórnia, onde, pela primeira vez em 200 anos, o Rio Colorado vai desembocar no oceano como uma cheia e não como um simples riacho.

O episódio será suficiente para mudar novamente a paisagem daquela parte da América. Um vasto pântano volta a se fazer presente, atraindo e tornando-se o lar de milhares de espécies, enquanto a natureza reclama mais um de seus territórios.
E não foi só nos Eua, Londres e Berlim. Em paris, um pântano também surge, Rio de Janeiro e São Paulo voltam a ser uma selva fechada de Mata Atlântica, espécies até então quase extintas retomam sua vitalidade anterior e equilibram a balança da fauna e flora. Além disso, com as novas vasões das represas, áreas antes submersas, surgem como terra habitável novamente. Somente nos Estados Unidos, perto de 650 km de terra surgem com o “derepresamento” do rio Mississipi. E falando em águas, o oceano também se tornou um local melhor desde que fomos embora.
Retirávamos 235 mil toneladas de pescado do mar todo dia; acabamos com milhares de espécies fazendo arrastões no fundo do mar, pescando irregularmente, arrancando barbatanas e nadadeiras de tubarões para fazer sopa e depois os largando vivos de volta na água para morrerem de fome; acabamos com 90% dos peixes de tamanho grande das águas; enchemos o estômago de tartarugas de plástico, etc. Agora, finalmente eles estão se reproduzindo novamente e ficando maiores. Os bacalhaus, que tinham um comprimento de 60 cm enquanto o pescávamos a toda hora, agora chegaria ao triplo, quase 2 metros!
As baleias também ficaram muito felizes com nosso sumiço, já que, antes da descoberta do petróleo, elas eram exterminadas por causa do seu óleo, usado para lâmpadas e combustíveis variados. Além disso, nos últimos 50 anos de nossa presença, os navios a motor se multiplicaram numa escala incrível, fazendo com que seu ruído – que pode viajar milhares de quilômetros embaixo d’água – atrapalhasse os cetáceos a encontrar um parceiro para o acasalamento, já que eles fazem isso através dos sons que emitem (e olha que o canto delas é poderoso, podendo alcançar 1.600 quilômetros, o suficiente para ir do Japão ao Havaí).
230 anos
Acredite, se você fosse largado aqui por uma máquina do tempo, seria difícil encontrar uma prova de que uma civilização “inteligente” viveu por aqui. Desde os tempos mais antigos civilizações tentam mostrar sua superioridade sobre as outras erigindo monumentos aos deuses, à liberdade, ao progresso, etc. Ironicamente os mais resistentes e os que durariam por mais tempo seriam os mais antigos, como por exemplo: A Grande Muralha da China e as pirâmides de Gizé, no Egito, construídas sob ordem de faraós há mais de 4 mil anos. Mas e as construções modernas?
No meio da Europa encontra-se um dos monumentos mais famosos de nossa era. Com 324 metros de altura, a Torre Eiffel, reinou como a construção mais alta do mundo até 1930. Construída em 1889 para comemorar o centenário da Revolução Francesa e marcar a abertura da Feira Mundial daquele ano. Considerada de mau gosto pelos franceses da época, a Torre era vista como um desperdício de dinheiro e seria desmontada 20 anos depois de ser construída. Aconteceu que depois de pronta ela agradou os franceses e durou até este ponto: 230 anos depois do desaparecimento da raça humana.
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Com a estrutura treliçada, desenvolvida pelos construtores de pontes da época, o monumento pesava apenas 7.300 toneladas e tinha incrível resistência. Em nossos dias era coberta anualmente por 60 toneladas de tinta que protegiam o ferro das intempéries. Porém, sem as camadas de tinta constante e com a ação contínua da chuva, o ferro ficou cada vez mais exposto à ação do tempo, e, como já aconteceu antes com as estruturas dos arranha-céus, a ferrugem se alastra, minando a sustentação. Com os ventos constantes no topo, a estrutura se parte na metade da torre, a base ficará lá por um bom tempo, fazendo sombra aos grupos de porcos selvagens que agora habitam Paris.

Do outro lado do Atlântico também há um monumento com a mão dos franceses que perdura: a Estátua de Liberdade. Dada de presente aos americanos em comemoração aso 100 anos da independência inglesa, em 1876, ela paira em frente o porto de Nova Iorque. Feita de placas de cobre algumas partes dela estão melhor do que quando existíamos, como, por exemplo, o seu nariz e bochechas, que antes eram cobertos por fuligem preta de poluição, e agora estão limpas novamente. Após 230 anos o braço da estátua já está no chão, foi a primeira de suas partes a cair.
Mesmo que sua “pele” seja feita de placas de cobre – que podem durar mais de mil anos –, seu “esqueleto” é feito de ferro, que não possui a mesma durabilidade e sucumbem, adivinhem, à ferrugem, ficando muito fracos para sustentar o peso da tocha. A próxima parte a desprender-se do corpo seria a cabeça.

Nos centros urbanos, além das matas terem se espalhado e tomado conta das casas, asfaltos, rua, etc. nossos vestígios estão sendo soterrados, literalmente. A cada 200 anos as folhas que caem das árvores criam 1 metro de solo cobrindo tudo que deixamos para trás. Riachos criados por chuvas também ajudam a varrer rastros de seus antigos moradores, deixando apenas aquilo que a natureza não consegue se desfazer com facilidade, como os já citados, plásticos e as peças de aço inoxidável, que permaneceram por milhares de anos intactas à ferrugem e desgaste do tempo.
500 anos
Meio milênio. Este seria o tempo para que a natureza conseguisse restaurar todas as árvores e vegetações do planeta que levamos 10 mil anos para devastar. Ponto para você, Mãe Natureza <3
1000 anos
Aqui somos praticamente irreconhecíveis como seres existentes no planeta. A base da Torre Eifel já está quase totalmente desaparecida, a Estátua da Liberdade já caiu no meio da floresta que se formou na Ilha da Liberdade. Seu esqueleto de ferro também sumiu, ficando somente sua base, que, por ter sido feita de concreto sólido e revestida de granito, durará milhares de anos.
25 mil anos
Um novo ciclo inicia na história do planeta: uma nova Era Glacial causada por mudanças graduais na órbita terrestre, que a afastou do Sol. O primeiro sinal que será sentido pelos animais que ainda estiverem por aqui será a presença das neves que durarão 2 verões, depois, uma reação em cadeia fará com que o gelo domine quase todo o hemisfério norte do planeta novamente. Geleiras se espalharão ao sul, chegando a Nova Iorque e engolindo o que sobrou da Estátua da Liberdade e qualquer sinal de civilização que pudesse ter por lá.
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Chegamos ao final da viagem. Em apenas 200 anos o mundo se tornou selvagem de novo. Monumentos caíram, cidades desapareceram, populações quase extintas se equilibraram, florestas brotaram, etc. Ironicamente, o que restará de nós não está no nosso planeta e sim a milhares de quilômetros de distância, na Lua. Ao contrário da nossa casa, as coisas por lá mudam realmente devagar. Para comprovar, imagine que crateras criadas por choques de meteoritos há 4 bilhões de anos ainda estão lá, intactas e praticamente imutadas. Lá ficarão um carro, uma bandeira, uma câmera de Tv e, claro, a pegada de Neil Armstrong.
Se pudermos tirar de positivo deste exercício de imaginação é que: A terra pode viver sem nós, já nós, não podemos viver sem ela. Em poucos anos fomos esquecidos por ela e a natureza segui – mais tranquila e aliviada – seu ciclo natural.
O texto acima foi produzido com base no documentário “Aftermath – Population Zero”, de 2008, da National Geographic.
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